Enforca Cães

Situado na costa marítima portuguesa, o Cabo Mondego é um acidente costeiro de grande relevância, com inúmeras falésias na zona ocidental da Serra da Boa Viagem e a norte da Figueira da Foz, localizado nas freguesias de Buarcos e de Quiaios. Aqui ocorreu uma exploração de recursos geológicos com as minas de carvão e pedreiras de calcário, coexistindo com um monumento natural que apresenta “afloramentos jurássicos” e que “constituem um conjunto de excecional importância, nacionalmente e internacionalmente reconhecida”, cortada a pique e com inúmeras falésias. Supervisionado, lá do alto pelo Farol, os 76 hectares daquilo que até á pouco tempo foi propriedade da Cimpor e que englobava a estrada de “Enforca cães”, área fabril, edificações e os terrenos a sul da portaria, assim como a pedreira.

Desde 1773 e durante quase dois seculos de exploração das minas do carvão e das pedreiras de calcário, acompanhada por uma unidade industrial, foram-se instalando progressivamente indústrias “anexas” transformadoras, tais como; a cerâmica, o vidro, a cimenteira, de cal e da produção de “briquetes”, para alem da produção de energia e do transporte a vapor. Na década de 1950-1960 chegou mesmo a empregar cerca de 1000 trabalhadores. Tendo encerrado em 1967 as minas de carvão e em 1984, encerrado a fabrica do cimento com a não autorização de ampliação das instalações fabris, foi encerrada também esta unidade de produção. Das indústrias “anexas” sobrou uma das primeiras a ser instalada, a da cal hidráulica, que chegou a ter uma produção de 200.000 toneladas/ano. Com a justificação de manifesto prejuízo, a 15 de Março de 2013 foi encerrada a fabrica da indústria da cal hidráulica e com ela 28 pessoas perderam os seus empregos, tendo sido recolocados ou forçados á pré-reforma. Com o encerramento desta unidade, os figueirenses perderam também aquilo a que chamavam o aviso das “marés do camarão”, reconhecida pelo cheiro a cal hidráulica batida pelos ventos quando estes estavam de nortada.

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